É (quase) natal...

É natal!!

Saltemos de alegria!!! Yupiiiii!!

Alto aí...ainda estamos a meio de Novembro! Mas então??!

Numa noite, no ínicio do mês, debrucei-me na janela do meu pequeno quarto e deparei-me com um cenário que me pareceu estranho para esta altura do ano..
Dezenas de janelas e varandas decoradas com luzinhas natalícias e pais-natal enforcados - perdão - pendurados!
Nessa mesma noite fui visitar um amigo e quando este me abriu a porta reparei que também ele já tinha uma árvore de natal cheia de fitinhas e bolinhas brilhantes...

É certo que o natal se aproxima mas... já?!


Não quero ser mal interpretado, eu adoro a quadra natalícia! Não pelo seu significado religioso, não pelos presentes..
Mas é uma quadra bonita, pacífica.. As musicas nostálgicas, a simpatia e a boa-disposição das pessoas...Gosto! E pronto!

Mas eu acho que é uma quadra simpática precisamente porque é especial.. e curta!
Para quê prolongar? Para quê ceder a chamamentos cunsumistas e estúpidos que nos distraem do verdadeiro sentido da coisa?

Seremos nós vítimas da sociedade consumista e apática em que nos tornámos?
Ou seremos nós os culpados?

É claro que sabe sempre bem receber um presente de alguém especial...Tal como sabe igualmente bem oferecer...
Mas não é isso que está em causa..
O que me afronta são os impulsos consumistas e frenéticos de comprar tudo e mais alguma coisa, decorar as casas com um mês ou mais de antecedência...
E depois, com alguma 'sorte', nem sequer se dignam a enviar um postal, sms, e-mail com votos de um bom natal! Ao menos um simples aperto de mão!!!!
Somos, de facto, uma sociedade vazia, estúpida, cega, consumista...


Lembro-me, era ainda um pequeno rapaz, de passar o natal na aldeia com a minha família..
Ah..aquilo é que eram bons tempos.. Dormíamos todos ao monte, brincávamos...
Que saudades...
Recordo-me de num desses anos ter ido visitar uns amigos lá da terra..
O senhor (ai que não me lembro do nome..) deu-me uma laranja..

Antigamente havia a tradição (pelo menos na minha zona) de oferecer uma laranja. Na altura não havia poder de compra, nem shopping-center's nem lojas dos chinos! Era um gesto simples, doce, do tipo "Gosto de ti".

E eu peguei na laranja... É claro que na altura não dei muita importância ao gesto...
Mas...significou mais aquele gesto simples e dócil do que todos os brinquedos que possa ter recebido naquele ano...
Precisamente porque foi simples, com amor, puro...
(Não, não comi a laranja! Mesmo sendo puto, percebi o gesto...)


Não digo para voltarmos ao tempo das laranjas...Nem tanto ao mar nem tanto à terra!
Mas não caiamos em exageros...


Só falta substituirmos as bolinhas da árvore por computadores magalhães!! :)



RJ